sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Gritos e respirações*

Não te incomoda assistir minha morte assim gelada enquanto tens os cobertores que me podem aquecer?
É o frio da existência que me corta os punhos e como facas, penetra minha carne quente, arrancando-me sangue e lágrimas.
Por favor não admire essa pintura.
Não pense que esse corpo congelado foi feliz um dia.
Esses olhos um dia foram meus; agora tudo se passou e nada me pertence.
Minha prisão é o tempo.
Sou prisioneiro da própria existência, condenado a morrer todos os dias em sua parede, admirado, não da forma como eu gostaria.


*Um título percebido por Leonardo Samarino

domingo, 7 de novembro de 2010

Diário da manhã

Vento frio céu nuvens cinza
Eu sinto a areia da praia afundar meus pés
Não vejo o horizonte pois montanhas se interpõem
Sopra brisa; Cai a chuva; Os pelos reagem
Respiro, olho, vejo pessoas não muitas
À frente: água
E os carros fazem música
Tudo é música!
Decola avião passos ondas pássaros
Coração é frio como o vento que me lambe a pele
Lembro o beijo tão efêmero tão doce
Sinto seus lábios.
Vento ensina que efêmero não é finito
O que penso efemeridade visita-me de outras maneiras
Assim como a brisa toca diferente a cada minuto em que sou

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Por que pegar a areia se ela escorre entre os meus dedos

Por que pegar a areia se ela escorre entre os meus dedos
Por que pegar a areia se ela escorre entre os meus dedos
Por que pegar a areia se ela escorre entre os meus dedos
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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Insônia inacabada

Duas da manhã e não consigo escrever.
Também não posso dormir
Pois dos meus sonhos não quero acordar.

Ontem sonhei com você.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Vazio

Por que me fogem as letras?
O que teriam elas para me contar e cuidadosas, preferem esconder?

sábado, 3 de abril de 2010

Paixão de Cristo

Vi sangue nos olhos de quem tanto me amou
E chorei minhas lágrimas brancas.

Folhas

Raízes no solo fincadas,
Galhos fortes,
Folhas verdes,
Doces frutos.

Vejam-me como árvore!

Terra seca,
Raízes expostas,
Galhos caídos,
Nenhum fruto.

Vejam-me como folhas!

Folhas que secam
E o vento dispersa.
Folhas que fazem caminhos no ar
E enveredam por eles.
Depois caem e somem na terra.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Cada verso um verbo

Preciso calar
Inspirar
Expirar
Olhar
Ver
Andar três passos
Ver novamente
Fixar o olhar
Inspirar
Expirar
Acalmar
Estender os braços
Abraçar
Sentir o corpo
Sentir calor
Estar seguro
Fechar os olhos
Sentir a alma
Estar seguro
Abrir os olhos
E falar

domingo, 21 de março de 2010

Escolha de Palavras

Da minha fala o lirismo você não entendeu
Não consigo ser prosaico ao falar dos meus desejos
Mente a prosa com suas palavras
Sem dizer que minha boca anseia por teus beijos

Consigo ser prosaico
Chego a essa conclusão
Mas com versos de poema
Revelo segredos do meu coração

E você não entende, ou esconde o entender
Se achá-lo então avise
Para que eu possa concordar com você

Poema Concreto

Braços fortes, mãos, enxada
Um saco de cimento para poucos litros d'água
Posso usar da pedra o pó
Misturando-os ao chão
Com os braços crio a força dessa edificação


segunda-feira, 15 de março de 2010

E eu escrevo:

Amor das ondas

Ondas levam consigo pegadas
Mas os pés a quem amam
Só conseguem tocar


Efêmero toque
Tamanho desejo
De salgado beijo compartilhar

Pés que pisam as ondas
Desconhecem perigos que podem correr
Levam à água todo seu corpo
Inocentes mergulham sem nada temer

E nadam o nada, presente das águas
Desprendidos da terra que os asseguram
Procuram areia para pisar
Encontram o nada que acabaram de ganhar

Militam contra o nada
E às águas não podem vencer
Entregam-se a elas, submergem ao profundo
Para o desejo das ondas satisfazer



(Anderson Barreto)


*todos os direitos reservados ao autor

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Meus cânones - Poesias de outros:

Motivo
Cecília Meireles

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

De Poetas que conheço

Espalhando a obra de poetas que conheço e admiro...


- Rodrigo Santos:
Homem da Literatura, Semeador, Místico, Peregrino, Professor...

Poesias do Livro Máscaras sobre Rostos Descarnados (2003):


Observador
Não quero ouvir palavras conhecidas,
Não suporto nem ouvir minha própria voz!
Não me falem nada, deixem-me a sós,
Já estou enojado do que vós chamais vida.
Definitivamente, o meu lugar não é aqui,
No meio dessa gente sem bom senso e tato.
Estou cansado de ter que me vender barato
A um sistema que nem mesmo escolhi.
Vejam-me como pedra, árvore, o que for!
A observar, silencioso em minha dor
A marcha melancólica de vossa insensibilidade.
Pois, se é preciso falsidade para poder viver,
Se em meu peito um coração não pode bater,
Deixem-me à parte desta cruel humanidade.


*Todos os direitos reservados ao autor

sábado, 20 de fevereiro de 2010

De Poetas que conheço

Espalhando a obra de poetas que eu conheço e admiro...


-Iverson Carneiro, poeta marginal, nascido no Pará, abraçado pelo Rio, dado ao Brasil.

Um pouco da metapoesia, contida no seu livro Moleque Velho (2005):


O Poema - 2001

Um livro
é um livro,
assim como um verso
é um verso

A contra capa do livro
é o reverso do verso,
assim como o poema
é um conjunto de versos...

-Tudo definição matemática!-

Mas o poema gosta de matemática
e de emoções fortes,
e é caótico como as equações
antes de suas resoluções.

O poema não é exato,
é ato de criação
e carametade do fato.

O verso é um pedaço
de poema e desespero,
construído a fogo e aço.




Mediação de Poeta- 1999

A palavra,
procuro-a no espelho,
onde, sei, se enfeita
feito meninas,
vaidosa, fingindo-se mocinha.

O poema,
velho e mau humorado,
se irrita com a futilidade da palavra,
e se nega a existir
sem o sangue das chacinas.

Ah, o poema!
Velho amigo que beija a ponta da pena,
mas não se convence
da utilidade do verso de amor,
e se finca na dureza das ruas!

A palavra?!
Procuro-a no espelho.
O poema?!
Encontro-o nas ruas.
E tento um acordo entre a palavra e o poema.



*Todos os direitos reservados ao autor.

Na Areia

A noite era sem Lua
Sem estrelas
E azul do céu
Densas nuvens encobriam

Enquanto sentimentos eram descobertos
Luas e estrelas
Apareciam dentro de mim

A brisa do mar esfriava minha pele.
O sono chegava mas não quis dormir
Dormir é sonhar duas vezes
Acordar é sonhar consciente

Consciência que eu sonhava ter
Sonho que eu queria viver
Vida que eu podia mas rejeitava ter

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Segredo

Li os versos que escrevi.
Minha subjetividade me contou segredo que eu não quis ouvir.
Fechei olhos, ouvidos, nariz e boca.
Mãos ocupadas. Faltou o coração.

E como flecha o segredo me acertou.
Tentei retirá-lo, mas não consegui.
Todos os dias eu sinto suas pontadas;
Segredo miserável faz parte de mim.

Narrativa do teatro que sonhei

Escuro e frente ao palco recebo suas mãos
O barulho do silêncio compete com a respiração
De dois corpos imóveis e arrebatados
Não pelo espetáculo que já fora aplaudido
Mas pelos olhares que se cruzaram durante toda a encenação

Olhares antes fugidios
Agora densos se correspondem
E falam
E gritam

Palco
Cortina
Refletores
E cadeiras
São expectadores de uma cena tantas vezes evitada

Os corpos se aproximam
E dois corações brincam de forte bater

Tímidas
Minhas mãos percorrem sua pele
Seu rosto
E seus cabelos

Agora sinto seu cheiro
O cheiro do seu pescoço
Dos fios negros de cabelo
E os seus lábios tão perto dos meus
Quase me fazem beijar

Ouço uma voz grave que não é a sua
Dizendo palavras que não reconheço
Afastam-se os corpos
E os olhos fogem
Levantam-se os corpos
E caminham direção à porta

Nenhuma palavra dita
Nada fora dito
De súbito os olhos encontram-se outra vez
Mas estão separados por um mar de incertezas

Dentro dos nossos corpos agora frios
Batem corações sufocados pela ausência do falar
Nenhum adeus
E por diferente caminho
Desapareço na escuridão de uma noite sem luar

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Todos os cantos


Espalhar meu canto
Aquele que sai dos meus lábios
E o que fica em meu pensamento
Aquele que tem melodia
E o que discursa

O canto em que me refugio
O canto em que penso
O canto em que durmo
O canto em que me esqueço

Aquele em que sorrio, choro e desfaleço
Todos os meus cantos
Os cantos que eu conheço