Motivo
Cecília Meireles
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
domingo, 21 de fevereiro de 2010
De Poetas que conheço
Espalhando a obra de poetas que conheço e admiro...
- Rodrigo Santos:
Homem da Literatura, Semeador, Místico, Peregrino, Professor...
Poesias do Livro Máscaras sobre Rostos Descarnados (2003):
*Todos os direitos reservados ao autor
- Rodrigo Santos:
Homem da Literatura, Semeador, Místico, Peregrino, Professor...
Poesias do Livro Máscaras sobre Rostos Descarnados (2003):
Observador
Não quero ouvir palavras conhecidas,
Não suporto nem ouvir minha própria voz!
Não me falem nada, deixem-me a sós,
Já estou enojado do que vós chamais vida.
Definitivamente, o meu lugar não é aqui,
No meio dessa gente sem bom senso e tato.
Estou cansado de ter que me vender barato
A um sistema que nem mesmo escolhi.
Vejam-me como pedra, árvore, o que for!
A observar, silencioso em minha dor
A marcha melancólica de vossa insensibilidade.
Pois, se é preciso falsidade para poder viver,
Se em meu peito um coração não pode bater,
Deixem-me à parte desta cruel humanidade.
*Todos os direitos reservados ao autor
sábado, 20 de fevereiro de 2010
De Poetas que conheço
Espalhando a obra de poetas que eu conheço e admiro...
-Iverson Carneiro, poeta marginal, nascido no Pará, abraçado pelo Rio, dado ao Brasil.
Um pouco da metapoesia, contida no seu livro Moleque Velho (2005):
O Poema - 2001
Um livro
é um livro,
assim como um verso
é um verso
A contra capa do livro
é o reverso do verso,
assim como o poema
é um conjunto de versos...
-Tudo definição matemática!-
Mas o poema gosta de matemática
e de emoções fortes,
e é caótico como as equações
antes de suas resoluções.
O poema não é exato,
é ato de criação
e carametade do fato.
O verso é um pedaço
de poema e desespero,
construído a fogo e aço.
Mediação de Poeta- 1999
A palavra,
procuro-a no espelho,
onde, sei, se enfeita
feito meninas,
vaidosa, fingindo-se mocinha.
O poema,
velho e mau humorado,
se irrita com a futilidade da palavra,
e se nega a existir
sem o sangue das chacinas.
Ah, o poema!
Velho amigo que beija a ponta da pena,
mas não se convence
da utilidade do verso de amor,
e se finca na dureza das ruas!
A palavra?!
Procuro-a no espelho.
O poema?!
Encontro-o nas ruas.
E tento um acordo entre a palavra e o poema.
*Todos os direitos reservados ao autor.
-Iverson Carneiro, poeta marginal, nascido no Pará, abraçado pelo Rio, dado ao Brasil.
Um pouco da metapoesia, contida no seu livro Moleque Velho (2005):
O Poema - 2001
Um livro
é um livro,
assim como um verso
é um verso
A contra capa do livro
é o reverso do verso,
assim como o poema
é um conjunto de versos...
-Tudo definição matemática!-
Mas o poema gosta de matemática
e de emoções fortes,
e é caótico como as equações
antes de suas resoluções.
O poema não é exato,
é ato de criação
e carametade do fato.
O verso é um pedaço
de poema e desespero,
construído a fogo e aço.
Mediação de Poeta- 1999
A palavra,
procuro-a no espelho,
onde, sei, se enfeita
feito meninas,
vaidosa, fingindo-se mocinha.
O poema,
velho e mau humorado,
se irrita com a futilidade da palavra,
e se nega a existir
sem o sangue das chacinas.
Ah, o poema!
Velho amigo que beija a ponta da pena,
mas não se convence
da utilidade do verso de amor,
e se finca na dureza das ruas!
A palavra?!
Procuro-a no espelho.
O poema?!
Encontro-o nas ruas.
E tento um acordo entre a palavra e o poema.
*Todos os direitos reservados ao autor.
Na Areia
A noite era sem Lua
Sem estrelas
E azul do céu
Densas nuvens encobriam
Enquanto sentimentos eram descobertos
Luas e estrelas
Apareciam dentro de mim
A brisa do mar esfriava minha pele.
O sono chegava mas não quis dormir
Dormir é sonhar duas vezes
Acordar é sonhar consciente
Consciência que eu sonhava ter
Sonho que eu queria viver
Vida que eu podia mas rejeitava ter
Sem estrelas
E azul do céu
Densas nuvens encobriam
Enquanto sentimentos eram descobertos
Luas e estrelas
Apareciam dentro de mim
A brisa do mar esfriava minha pele.
O sono chegava mas não quis dormir
Dormir é sonhar duas vezes
Acordar é sonhar consciente
Consciência que eu sonhava ter
Sonho que eu queria viver
Vida que eu podia mas rejeitava ter
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Segredo
Li os versos que escrevi.
Minha subjetividade me contou segredo que eu não quis ouvir.
Fechei olhos, ouvidos, nariz e boca.
Mãos ocupadas. Faltou o coração.
E como flecha o segredo me acertou.
Tentei retirá-lo, mas não consegui.
Todos os dias eu sinto suas pontadas;
Segredo miserável faz parte de mim.
Minha subjetividade me contou segredo que eu não quis ouvir.
Fechei olhos, ouvidos, nariz e boca.
Mãos ocupadas. Faltou o coração.
E como flecha o segredo me acertou.
Tentei retirá-lo, mas não consegui.
Todos os dias eu sinto suas pontadas;
Segredo miserável faz parte de mim.
Narrativa do teatro que sonhei
Escuro e frente ao palco recebo suas mãos
O barulho do silêncio compete com a respiração
De dois corpos imóveis e arrebatados
Não pelo espetáculo que já fora aplaudido
Mas pelos olhares que se cruzaram durante toda a encenação
Olhares antes fugidios
Agora densos se correspondem
E falam
E gritam
Palco
Cortina
Refletores
E cadeiras
São expectadores de uma cena tantas vezes evitada
Os corpos se aproximam
E dois corações brincam de forte bater
Tímidas
Minhas mãos percorrem sua pele
Seu rosto
E seus cabelos
Agora sinto seu cheiro
O cheiro do seu pescoço
Dos fios negros de cabelo
E os seus lábios tão perto dos meus
Quase me fazem beijar
Ouço uma voz grave que não é a sua
Dizendo palavras que não reconheço
Afastam-se os corpos
E os olhos fogem
Levantam-se os corpos
E caminham direção à porta
Nenhuma palavra dita
Nada fora dito
De súbito os olhos encontram-se outra vez
Mas estão separados por um mar de incertezas
Dentro dos nossos corpos agora frios
Batem corações sufocados pela ausência do falar
Nenhum adeus
E por diferente caminho
Desapareço na escuridão de uma noite sem luar
O barulho do silêncio compete com a respiração
De dois corpos imóveis e arrebatados
Não pelo espetáculo que já fora aplaudido
Mas pelos olhares que se cruzaram durante toda a encenação
Olhares antes fugidios
Agora densos se correspondem
E falam
E gritam
Palco
Cortina
Refletores
E cadeiras
São expectadores de uma cena tantas vezes evitada
Os corpos se aproximam
E dois corações brincam de forte bater
Tímidas
Minhas mãos percorrem sua pele
Seu rosto
E seus cabelos
Agora sinto seu cheiro
O cheiro do seu pescoço
Dos fios negros de cabelo
E os seus lábios tão perto dos meus
Quase me fazem beijar
Ouço uma voz grave que não é a sua
Dizendo palavras que não reconheço
Afastam-se os corpos
E os olhos fogem
Levantam-se os corpos
E caminham direção à porta
Nenhuma palavra dita
Nada fora dito
De súbito os olhos encontram-se outra vez
Mas estão separados por um mar de incertezas
Dentro dos nossos corpos agora frios
Batem corações sufocados pela ausência do falar
Nenhum adeus
E por diferente caminho
Desapareço na escuridão de uma noite sem luar
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Todos os cantos
Espalhar meu canto
Aquele que sai dos meus lábios
E o que fica em meu pensamento
Aquele que tem melodia
E o que discursa
O canto em que me refugio
O canto em que penso
O canto em que durmo
O canto em que me esqueço
Aquele em que sorrio, choro e desfaleço
Todos os meus cantos
Os cantos que eu conheço
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